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Goiania, Brazil
Um homem simplesmente aí, jogado no rio do devir a procura de si mesmo. Um campo de batalha... uma corda sobre o abismo, um ser no mundo corroido pela angustia da certerza da própria morte, mas que faz dessa consciencia da finitude um motivo para se responsabilizar mais por cada uma de suas escolhas.http://lattes.cnpq.br/9298867655795257

sábado, 6 de fevereiro de 2010

BASTA, QUEREMOS UM OUTRO PAÍS COM UMA NOVA CLASSE POLÍTICA

Goiânia, 07 de Fevereiro 2010

Realmente, não precisa ser instruído, educado, com pós-graduação em centro de excelência, para constatar que estamos a mercê de uma das piores gerações de políticos na história desse país, nunca as noções de cidadania, ética, probidade administrativa, honra e de verdade foram tão vilipendiadas por uma canalha que administra a coisa pública como um negócio de família.
São mais de 500 deputados federais e alguns ilustres senadores oferecendo um espetáculo patético diante de uma nação perplexa, o mais preocupante é a letargia da sociedade civil e sua alienação política crônica, o que faz de nós cúmplices dessas nulidades que infestam nossos parlamentos.
O que se observa nessa pseudo-democraciaa, é que as eleições só legitimam no poder velhas raposas ou seus descendentes. O que mostra que nossa tão decantada democracia precisa de aperfeiçoamentos que facilitem uma participação efetiva dos cidadãos e grupos organizados da sociedade nas decisões e ações de governo, além de um maior controle sobre os desmandos dos políticos e demais autoridades.
O que são hoje os partidos políticos senão meras entidades cartoriais que permitem alguns espertalhões terem mandato as custas do voto de confiança de uma maioria alienada. A democracia as vezes pode se degenerar num corporativismo extremo que inviabiliza qualquer consenso entre as partes conflitantes, o resultado é esse espetáculo patético e bizarro que nos oferecem nossos políticos profissionais, que passam o tempo forjando intriguinhas, e não colocam na pauta de votação do congresso uma agenda positiva para o país.
Chega, como podemos aceitar que essa corja legisle em causa própria com total descaso pelos reais interesses e necessidades da população, particularmente os mais necessitados.
O fato é que, apesar de cada eleição expressar um anseio por mudanças, os senhores deputados e senadores enfeitiçados por essa ilha da fantasia de arquitetura futurista que se chama Brasília, parecem que ainda não perceberam o anseio e o clamor popular por mais ética e espírito público por parte de nossas autoridades.
O exemplo de austeridade, seriedade e, principalmente, de espírito público deve partir das próprias autoridades eleitas e investidas do poder de representar, não interesses particulares de indivíduos ou grupos, mas o bem comum. O que me espanta e me deixa descrente com o futuro desse país é perceber que essa massa de miseráveis famintos e a grande maioria do povo brasileiro permanece em estado de letargia diante da tarefa de construirmos uma verdadeira nação. A mídia teria um papel importante na educação e condução de um processo de efetiva emancipação do povo brasileiro. Infelizmente, apesar de algumas denúncias, a mídia não está contribuindo como deveria para que nosso povo escolha melhor seus representantes. Isso porque em Goiás e outros Estados brasileiros a maioria dos meios de comunicação estão nas mãos dos caciques políticos ou de seus aliados. Chega a ser nojenta a bajulação de certas “lideranças políticas” e autoridades locais pela mídia, o que mascara e perpetua a ignorância de nosso povo e sua alienação política.
O fato é que nossos parlamentos mais parecem balcões de negociatas. Vivemos sob uma forma nefasta de democracia representativa que se degrada numa oligarquia corporativista na qual os partidos e os três poderes representam a reunião de interesses, no mínimo duvidosos, que favorecem a corrupção, o cerceamento da liberdade e a troca de favores e privilégios entre os poderes e seus representantes.
Na realidade nossa pseudo-democracia inflige de forma acintosa os princípios básicos de uma verdadeira democracia, tais como: a igualdade perante a lei [isonomia], a liberdade de expressão e o reconhecimento do outro cidadão como um igual e portador dos mesmos direitos e deveres. Partidos políticos, gestores públicos, parlamentares, todos interessam apenas em descobrir mecanismos, artimanhas, brechas na lei para que melhor possam aproveitar da coisa pública [Res-pública] e conservar o poder satisfazendo seus interesses privados e de grupos.
Essa estrutura político-partidária repercute na própria estrutura da sociedade civil – onde certos segmentos da classe média almejam desesperadamente ser próximos da anti-elite que detém o poder político e econômico. O mesmo acontece com segmentos das classes menos favorecidas – que almejam agora aproximarem-se da classe média, copiando mais seus vícios, como o consumismo, do que suas raras virtudes. O que presenciamos é uma luta frenética por ascensão social vista quase que exclusivamente como posse material de bens de consumo.
Consumo, logo sou um cidadão. Assim, uma elite que nao é uma verdadeira elite, torna-se o objeto desejo da maioria menos favorecida. Existe sim uma inveja latente no discurso radical e raivoso de certos segmentos sociais quando atacam o que consideram elite. No fundo, para horror do velho Marx, a ideologia fez muito bem seu papel, os operários um dia almejam ser como seus patrões. O oprimido assume o discurso do opressor, a ponto de reproduzir o sistema de dominação do qual ele mesmo foi vítima. As elites brasileiras distinguem-se claramente das elites Européias e Americana. Estas valorizam o trabalho, o mérito e o reconhecimento, nao basta vegetar à sombra dos poderosos. Será por acaso o fato da Rede Globo ter mais importancia para a formação da mentalidade média do brasileiro do que as universidades? Nesse ambiente de frivolidades e inquietação na busca do mais novo, da última moda, desenvolve-se a moral da indiferença.
A longa tradição escravocrata habituou nossas pseudo-elites a desprezar os excessos da classe média e dos mais pobres. Como já disse Euclides da Cunha [Os sertões]. Estamos num país onde tornou-se comum dizer – Você sabe com quem está falando? Estamos numa sociedade de pachecos empavezados, acácios triunfantes. Nunca se berrou tanta asneira debaixo do sol. É asfixiante.
O fato é que maioria dos políticos e gestores públicos desse país pratica uma baixa política como se política fosse troca de favores entre amigos. Consequência – ineficiência e ineficácia da máquina estatal infestada de redes de privilégios e clientelismo alicerçada na máxima – Não me dê, coloque-me onde há. Esse padrão de conduta, infelizmente não é privilégio apenas de nossos pobres políticos brasileiro, nem se limita à chamada direita na América Latina. Mas no Brasil é inegável uma certa cultura avessa a civitas. Nos misturamos e juntamos com quem nos exclui. Sabemos que antes alguns negros ao serem libertos tinham como sonho de consumo comprar um ”escravo novinho“. É curta a distancia entre a boquinha aceita por todos como normal e a corrupção endêmica. Existe um ethos encarnado no parasita de plantão e que é reafirmado pelo otário da vez – todos querem levar vantagem em tudo. Em tal sociedade é difícil germinar os ideais republicanos da liberdade, fraternidade e igualdade.

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