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Goiania, Brazil
Um homem simplesmente aí, jogado no rio do devir a procura de si mesmo. Um campo de batalha... uma corda sobre o abismo, um ser no mundo corroido pela angustia da certerza da própria morte, mas que faz dessa consciencia da finitude um motivo para se responsabilizar mais por cada uma de suas escolhas.http://lattes.cnpq.br/9298867655795257

sexta-feira, 22 de julho de 2011

LIMITES ENTRE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ÉTICA – É O CONHECIMENTO PERIGOSO?

Existe um traço perturbador de nossa época – a dissociação de fato/ valor, ser/dever ser, ou física/ética, conhecimento da realidade/atribuição de sentido à vida. As ciências descrevem e conhecem o mundo tal qual é. Calam sobre as angústias humanas. Homem muitas vezes é relegado a condição de um acidente no cosmo ou um ruído que deve ser banido para a otimização da performance do sistema. É como se o homem tivesse despertado de seu sonho milenar, e descoberto que agora " como um cigano, está à margem do Universo onde deve viver. Um Universo surdo à sua música, indiferente às suas esperanças, como a seus sofrimentos ou a seus crimes". Ele sabe que "está sozinho na imensidão indiferente do Universo, de onde emergiu por acaso. (Monod: 1989, p. 190-8). A cosmologia medieval (aristotélico-cristã) propunha um cosmo fechado, finito, hierarquicamente ordenado e qualitativamente determinado, no qual a terra mãe no centro servia de palco para a salvação ou danação humana. O fato é que havia uma coincidência plena de conhecimento da realidade e compreensão do "sentido" da nossa vida. A metafísica tradicional por mais de dois mil anos postulou a separação entre mundo terrestre e mundo celeste, o reino do efêmero, do nascer e do perecer opunha-se às esferas perfeitas, ao reino do divino, do incorruptível, do eterno, do verdadeiro Ser e da verdade.
A revolução copernicana [Heliocêntrica] destrui o cosmo finito e fechado, revelando um universo de proporções ilimitadas, aberto que se confunde com o espaço puro e homogêneo da geometria. Um espaço puro redutível ao cálculo onde não há lugar privilegiados, apenas extensão submetida ao movimento. A Terra já não é mais o centro de um Cosmo finito e fechado, doravante ela é um minúsculo planeta num sistema solar situado numa galáxia qualquer em meio a bilhões de galáxias. Impossível explicar tal realidade cósmica em função do homem, cuja existência ocupa um tempo insignificante no horizonte da idade do Universo [15 bilhões de anos], Estranhamente, quanto mais conhecemos o macro e o micro cosmo pela mediação da técnica e da ciência, mas nos sentimos estranhos e sozinhos diante dessa imensidão indiferente do universo. A revolução copernicana que desalojou a terra do centro do universo exigiu que se repensasse o novo estatuto do homem enquanto sujeito do conhecimento, ético e político, representando um duro golpe no narcisismo humano. Emerge dessa necessidade de se estabelecer um novo fundamento para o conhecimento humano, o todo poderoso sujeito pensante cartesiano, que enclausurado na certeza de sua auto evidencia para si mesmo proclama que nada, absolutamente nada pode permanecer oculto a uma razão disciplinada pelo método.
A Cultura "pós-moderna" da sociedade pós-industrial, a sociedade do conhecimento e da informação, é fruto tardio da deposição do cogito cartesiano operada por Nietzsche, Marx, Freud e Heidegger. Na cultura pós moderna, o "real" - "fatos" que as ciências buscam conhecer não passam de "construções intelectuais", discurso ou "narrativa". A ciência é ideológica, é instrumento de dominação de uma civilização, "eurocêntrica", "opressora", "machista", cartesiana e cristã etc. Em meio a emergência dos multiculturalismos, estudos culturais, leituras de "gênero", ressentimentos contra as ciências, busca-se o intuitivo, o mágico, o místico, o irracional, o marginal. Até mesmo nas universidades existe uma certa condenação rasteira da ciência e da tecnologia, que realmente não chega a colocar em questão a própria essência da técnica. Muitas vezes a racionalidade é condenada de forma leviana como desencantadora do mundo. Essa filosofia de salão que se extasia no relativismo cultural blasfema que a ciência não tem mais direito em afirmar a verdade do que o mito tribal. A ciência não passaria assim de uma espécie de mitologia, crença, superstição adotada por uma determinada tribo – a do urbanóide ocidental moderno refém de seus medos e inseguranças.
A partir dos anos 40 do século passado, a Escola de Frankfurt se encarregaria de fomentar, por trás de sua crítica ao capitalismo, uma das mais persistentes e influentes críticas à racionalidade científica, com profundas repercussões nos movimentos estudantis da Europa da década de 60. "A física é burguesa", "a ciência é o capital": estas inscrições, nos muros da Paris de 68, resumiam, na verdade, os temas de Adorno, Horkheimer e, principalmente, Herbert Marcuse (1898-1979). Para Marcuse, ciência e capitalismo são uma só coisa. Em outras palavras, ciência (conhecimento racional e objetivo) e ideologia (concepção de mundo) se confundem. Desaparece o valor objetivo do conhecimento científico. A crítica da "razão instrumental" – ou "razão unidimensional", ou "razão técnica" – encerra, no fundo, uma crítica da própria Civilização ocidental tecnico-científica. Sua polêmica era contra a objetividade, com a "submissão" do homem às coisas. Independentemente das épocas históricas, o trabalho sempre foi, para ele, "trabalho alienado" (o marxismo marcusiano : objetivação" = "alienação. Eliminar a "alienação" é eliminar a própria objetividade. Essa "superação", portanto, não pode ser buscada no trabalho, mas... no jogo. É somente no jogo que o homem "não se conforma aos objetos, à sua regularidade".
Ciência e capital eram uma só coisa: os males que o marxismo havia denunciado no capitalismo eram descarregados por Marcuse (e, diga-se, também por Adorno e Horkheimer) "nos ombros de Galilei e Bacon". O desastre havia começado já com a revolução científica do século XVII. O alvo, agora, é o vertiginoso processo de informatização. Lado a lado com a chamada III revolução industrial, crescem também a tecnofobia e a rejeição das tecnologias. Recorde-se que o manifesto do terrorista Unabomber, publicado em setembro de 1995 pelo Washington Post, elege como inimiga a "sociedade industrial" (curiosamente, um conceito marcusiano), que ele considera "um desastre para a espécie humana" e contra a qual propõe uma "revolução": "a única saída" – pontifica – "é dispensar o sistema tecnológico inteiro". Seu temor são as "máquinas inteligentes", que acabarão por decidir no lugar da humanidade. "Quando chegar a esse estágio, as máquinas estarão, efetivamente, no controle. As pessoas não poderão simplesmente desligar as máquinas porque elas estarão tão dependentes delas que desligá-las equivaleria a cometer suicídio".
É o conhecimento perigoso?
A idéia de que o conhecimento é perigoso está arraigada na nossa cultura. Já Adão e Eva, segundo a Bíblia, foram proibidos de alimentar-se dos frutos da Árvore do Conhecimento. Prometeu foi punido por ter dado o saber ao mundo. Na literatura, o Dr. Frankenstein é a imagem do cientista, pintado como um arrogante desalmado que de tudo é capaz para atingir seus objetivos, quaisquer que sejam as conseqüências. No cinema, é o gênio louco que produz monstros e catástrofes. Imoral manipulador da Natureza, o cientista também foi responsabilizado pela construção da bomba atômica e, agora, é visto com suspeita em virtude da engenharia genética. Jornais e revistas publicam com freqüência textos alarmistas que advertem sobre os "perigos" da pesquisa genética (lembre-se a histeria sobre a clonagem), do projeto do genoma humano e dos transgênicos. O horror, porém, convive com o fascínio, já que se espera da ciência a solução para a cura do câncer e da Aids, entre outras doenças.
O fato é que existe uma separação de fatos e valores, de ciência e ética. Como processo de conhecimento racional e objetivo, a ciência não é guiada por valores. Ela apenas nos mostra como o mundo é. A ciência descreve, a ética prescreve; a ciência explica, a ética avalia. Ciência, portanto, não produz ética. Das proposições descritivas não é possível deduzir asserções prescritivas, como bem viu o filósofo Hume (1711-1776). A separação de fatos e valores — conhecida justamente como Lei de Hume — impede que do "é "derive o "deve", que do "ser" derive o "dever ser". Isso não significa que o conhecimento científico seja perigoso. O conhecimento é um bem em si mesmo. Para o ser humano, conhecer é tão vital quanto alimentar-se, defender-se ou amar. Já a tecnologia, contrariamente, pode ser tanto uma dádiva quanto uma maldição. Há processos tecnológicos intrinsecamente perversos, como a fabricação de instrumentos de tortura, armas bacteriológicas, etc. Mas quais são, afinal, as responsabilidades e obrigações morais dos cientistas? Posto que os cientistas possuem conhecimento especializado sobre como é e como funciona o mundo, e isto nem sempre é acessível aos outros, é obrigação deles tornar públicas as implicações sociais de seu trabalho e suas aplicações tecnológicas" (cf. artigo de Wolpert na revista Nature, 398 (1999), p. 281-82; e Wolpert: 1996, p. 185 e segs.). Se ciência e ética, como vimos, são distintas, nem por isso o cientista está isento de deveres éticos. Temos que lutar pela necessidade de o público ser informado tanto sobre a ciência quanto sobre suas aplicações.
Referencias:
Basalla, George. The history of tecnology. Cambridge, Cambridge University Press, 8ª ed., 1999.
Bunge, Mario. Epistemologia. São Paulo: T. A. Queiroz, 2ª, 1987.
______. La ciencia. Su método e su filosofía. Buenos Aires: Sudamericana, 3ª, 1998.
Dawkins, Richard. O rio que saía do Éden. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.
Marcuse, Herbert. O homem unidimensional. A ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 5ª ed., 1979.
_____. Razão e revolução. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2ª ed., 1978.
Monod, Jacques. O acaso e a necessidade. Ensaio sobre a filosofia natural da biologia moderna. Petrópolis, Vozes, 4ª ed., 1989.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O ASSASSINATO DE OSAMA POR OBAMA

Sobre assassinato de Bin Laden



Gostaria de compartilhar aqui algumas idéias que expos no twitter @wanderleyjfjr e que também discuti em sala de aula com meus alunos.
Primeiro, suponho que todos nós, professores, estamos cansados de ouvir, ler e repetir que essa sociedade da ordem, da organização e planificação, da busca frenética pela novidade tecnológica, pela eficiência e produtividade, no final acaba tornando-nos infelizes e bestializados. E certamente nossa mídia venal e estabelecimentos de ensino têm responsabilidade nesse processo de adestramento e “barbarização” do das pessoas.
Nesse sentido, não me causou estranheza a comemoração de muitos “colonizados” e americanos com o assassinato cometido pelos USA. As próprias chamadas da Globo em seus jornais denunciam uma certa espetacularização da ação. “Estados Unidos vive o problema de todos vitoriosos – o que fazer com cadáver do inimigo?”
O mesmo aconteceu na invasão do Morro do Alemão, lembram. Mais uma vez a mídia estúpida e venal vendeu a imagem de que se tratava da luta do Bem contra o Mal. Todos sabem o que fizeram muitos dos bandidos fardados que invadiram o morro travestidos de policiais.
Por outro lado, os USA não têm condições morais, embora tenha condições materiais-técnicas, de se vangloriar de matar um homem desarmado diante de sua filha. Além disso, os USA mataram e matam milhares de inocentes por todo mundno em nome dos intocáveis INTERESSES AMERICANOS.
Os USA propõem uma política contra terrorismo dúbia, tendenciosa e unilateral. Coloca-se como polícia do Mundo. Colocam-se como defensores da democracia e apóiam incondicionalmente as atrocidades que o “Estado terrorista” de Israel comete contra palestinos.
Assim, alheios e felizes, festejamos um assassinato, ignorantes de que o pior perigo talvez esteja, não nos ataques esporádicos dos grupos terroristas, mas no excesso de segurança, no conformismo de uma sociedade na qual o homem, muitas vezes, é reduzido a condição de ruído que deve ser banido para otimização do sistema. Talvez, meus caros, o maior perigo esteja justamente nesse ciclo perverso da produção –consumo, que impulsiona o chamado “progresso da humanidade” e a todos nivela na condição de mercadoria-consumidores.
Repito, como educar nossos alunos para também perceberem que, as vezes, esses indivíduos que se recusam a viver uma existência “normal”, administrada, “produtiva”, com segurança e bem estar, tem seu valor?
Causa-me horror e repulsa: tanto o bárbaro assassino [seja ele o Estado, a Religião, o Partido, a Instituição ou o indivíduo] quanto essa ovelha obediente chama “o bom cidadão” ordeiro, resignado e ADAPTADO as demandas do Deus onipotente chamado mercado.
Enfim, cedo aprendi com Nietzsche que nós, os educadores não podemos ser outra coisa senão os libertadores de nossos alunos. Eis aí o segredo de toda formação. Infelizmente estamos adestrando, e mal, para o mercado de trabalho.

segunda-feira, 21 de março de 2011

CARTA ABERTA AOS PROFESSORES DA UEG

A Universidade Estadual de Goiás – UEG- foi criada em 1999, por unificação de algumas Instituições isoladas existentes no estado. Em pouco mais de uma década a UEG vivenciou uma expressiva expansão em suas Unidades e acumulou um conjunto de deficiências que necessitam ser ultrapassadas para que a Instituição consiga plenamente desempenhar sua função de produzir conhecimento que contribua para a superação de inúmeras mazelas sociais que afligem o povo goiano.

O atual estágio de desenvolvimento sócio econômico de Goiás, demanda a existência de uma Universidade Pública de caráter Popular, produtora de tecnologia e de saberes. No entanto, uma série de entraves vem prejudicando o pleno funcionamento da UEG e por conseqüência, obstruindo os avanços necessários exigidos por nossa sociedade. Nos últimos três anos a Universidade vivenciou estrangulamento orçamentário, através do não repasse dos recursos determinados por lei. Só no ano de 2009, foram cortados 37,2 milhões de Reais. A lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), prevê para este ano, uma soma de 142 milhões provenientes do Tesouro Estadual, que mesmo somados aos recursos gerados pela própria Universidade (36 milhões), são insuficientes para a manutenção, implementação de laboratórios, biblioteca, construção de prédios e estabelecer o devido suporte a investigação científica. A UEG carece ainda de realização de concursos públicos para a contratação de Professores e Técnicos Administrativos, pois somente 35% do quadro Docente e 12% da equipe de Técnicos são efetivos. A conquista da autonomia didática – pedagógica, científica e de gestão financeira, precisa ser concretizada em nossa Universidade, vista pelos diferentes governos como uma secretaria do Poder Executivo. Na prática a Secretaria da Fazenda é a instância de decisão financeira, sendo comum a nomeação e contratação por ingerência política sem a menor consulta ás instâncias colegiadas da Instituição.

A superação desta realidade só será possível com a concreta participação da Comunidade Acadêmica de forma direta e quando exigido, através de suas entidades representativas e autônomas. Neste sentido se faz necessário avançarmos na organização de nossa categoria, é preciso ir além do mero associativismo descomprometido com os reais interesses da ampla maioria dos Professores. Construirmos um combativo SINDICATO, que incorpore todos os Docentes da UEG (Doutores, Mestres, Especialistas, Temporários e Efetivos, Estáveis ou em Estágio Probatório), para que de forma unitária possamos potencializar nossas reivindicações, a concretização desta tarefa é urgente e de fundamental importância para categoria Docente, para a Universidade e para todo o Povo Goiano. .

O atual quadro político em Goiás e em todo Brasil está apontando para um aprofundamento das políticas de matriz neoliberal com sérias implicações para o futuro da UEG. Em outros estados as Universidades Estaduais, também apresentam problemas e seus Professores, vem intensificando e aprimorando suas formas de discussão, decisão e organização. Neste sentido o ANDES – SN (Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior – Sindicato Nacional), vem exercendo importante papel na intransigente defesa do ensino público e de qualidade em nosso país. Um momento claro desta batalha foi a importante denúncia contra as chamadas "Fundações de Apoio", verdadeira caixas secretas no interior das Instituições Públicas, recentemente desmascaradas.

Integrar o Sindicato Nacional é tarefa imperiosa para a defesa da UEG Pública e da reivindicação de seu quadro Docente. Construir a SEÇÃO SINDICAL DO ANDES é avançar na luta pela autonomia universitária, contra a ingerência e os autoritarismos:

- PELA DEFESA DA AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA

- CONTRA A INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL NA UEG

- PELA UNIDADE ORGANIZATIVA DOS PROFESSORES DA UEG

- PELA CONSTRUÇÃO DO SINDUEG: SEÇÃO SINDICAL DO ANDES-SN

- PELA IMEDIATA NOMEAÇÃO DO CADASTRO DE RESERVA E REALIZAÇÃO DE NOVO CONCURSO

- AMPLIAÇÃO DA DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA, MAIS VERBAS PARA A UEG

- VERBAS PÚBLICAS SÓ PARA O ENSINO PÚBLICO

- PELA AMPLIAÇÃO E MODERNIZAÇÃO DAS BIBLIOTECAS

- CRIAÇÃO E MODERNIZAÇÃO DE LABORATÓRIOS

- RESPEITO À AUTONOMIA DA UEG

- POR UMA UEG PÚBLICA, GRATUÍTA, DE QUALIDADE E POPULAR.

- REGIME DE TRABALHO ÚNICO PARA TODA A CATEGORIA, DEFESA DA ISONOMIA.

- INCENTIVO A PESQUISA E EXTENSÃO

- PELA CONSTRUÇÃO DO I CONGRESSO DOS PROFESSORES DA UEG

Assina este:

Prof.º Robson de Moraes (UnU. Cidade de Goiás)

Prof.º Ângelo Cavalcante (UnU. Itumbiara)

sexta-feira, 4 de março de 2011

GRUPO DE ESTUDO - HEIDEGGER

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

 

NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM FENOMENOLOGIA - NEPEFE

GRUPO DE ESTUDO - HEIDEGGER


 

Reuniões Mensais a partir de 09 de Março/2011
– 14 h -
[Toda 2ª Quarta do mês]

Local – Faculdade de Educação – UFG – Sala do NEPEFE.

Datas dos encontros ainda serão disponibilizadas no site: www.fe.ufg.br/nepefe


 

Coordenação: Prof. Dr. Wanderley J. Ferreira Jr.

FE-UFG

Núcleo de Estudos e Pesquisas em Fenomenologia – NEPEFE

GT – HEIDEGGER - ANPOF

"Lá onde nasce o perigo, brota também o que salva."

Hölderlin;

PROPOSTAS DE LEITURAS

1. Heidegger: caminhos, não obras - Wanderley J. Ferreira Jr.

2. Ser e Tempo (1927)[Alguns parágrafos]

3. O que é Metafísica? (1929)

4. Discurso de Reitorado (1933)

5. Introdução à Metafísica (1935)

6. A questão da técnica (1953).

7. O Fim da Filosofia e a tarefa do pensamento (1966)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

REFLEXÕES PRELIMINARES SOBRE O ENSINAR E O APRENDER FILOSOFIA

Prof. Wanderley J. Ferreira Jr.


 

Diante da realidade caótica que nos atropela e desafia a cada momento, a existência de professores e alunos de Filosofia tem de ser questionada. Que relação professores e alunos mantêm com a Filosofia? Que papel desmistificador caberia à Filosofia diante das ideologias que teimam em passar uma visão homogênea, mascarando as contradições reais de nossa realidade? Que tarefa caberia a nós, professores e alunos de filosofia, diante da revolução tecno-científica de nossa época e de suas consequências muitas vezes funestas? Infelizmente, em nosso país a Filosofia se reduz às figuras de professores e alunos de Filosofia. O professor como autoridade que tem a posse do saber e o aluno como o passivo, que vê no professor a encarnação do saber, quando não um charlatão. Por que a Filosofia é tão marginalizada? De quem seria a culpa, da Filosofia ou de nosso século pragmático que vê tudo pela ótica da utilidade e do cálculo? Vivemos em um século que se curva sob o peso de seus próprios valores decadentes. Em um tal tempo não há lugar para a Filosofia, pois ela é realmente o que há de mais inútil para uma época que confunde verdade e utilidade e toma como paradigma[modelo] do conhecimento correto e eficaz a ciência. Sabemos que a Filosofia jamais será uma atividade totalmente neutra, descomprometida com a realidade, ou simplesmente uma mera ocupação de pessoas excêntricas e ociosas. Esse compromisso da Filosofia com os problemas de seu tempo, não deve, entretanto, comprometer ou desvirtuar a verdadeira vocação da Filosofia em romper os limites de uma visão de mundo qualquer, legitimando-se como uma busca radical pela verdade constituída no diálogo.

O Filósofo alemão Martin Heidegger(1889-1976) afirma que a Filosofia encontra-se necessariamente fora de seu tempo, ou porque projeta-se para muito além da atualidade, ou porque remete-nos para um passado-presente(os gregos) que inaugurou nossa forma de pensar, dizer e sentir enquanto povo ocidental. A Filosofia seria, assim, uma forma de saber que não se deixa moldar pelo tempo, mas submete o tempo à sua própria medida, tornando presente o que ainda não é. Também não devemos julgar a Filosofia pelos critérios de eficiência e produtividade utilizados para julgar a importância de determinada teoria científica. A Filosofia é realmente algo inútil, ela não serve para nada. Mas, justamente por ser algo inútil a Filosofia toca-nos de modo essencial, convocando-nos para assumi-la como missão.

Nietzsche ensina-nos que o filósofo não é somente um pensador, mas um homem efetivo. Quem interpõe entre si e as coisas, conceitos, opiniões, livros, quem nasce para a história, nunca verá as coisas pela primeira vez, nunca sentirá aquela admiratio, aquele espantamento (maravilhavemento) diante do mundo que impele o autêntico filósofo. Jamais podemos confundir um erudito com um filósofo. Os eruditos não passam de opiniões alheias. São homens de segunda mão que se contentam com a atitude preguiçosa de apenas comentar os filósofos. Como grande parte dos locais, onde se ensina filosofia, são escolas e universidades públicas, algumas questões podem ser colocadas: como se dá o processo de ensino-aprendizagem em Filosofia no interior de uma instituição estatal? Como poderemos fazer da Filosofia uma busca radical pela verdade, se ela se limita a figura de professores e alunos de filosofia? Nietzsche alerta-nos de que talvez devêssemos pensar "... numa cabeça juvenil, sem muita experiência de vida, onde são colocados cinquenta sistemas de palavras e outra tanto de criticas sobre esses sistemas, tudo junto e misturado. Que aridez, que selvageria, quando se trata de uma educação para a filosofia. Muitos alunos de filosofia, devem suspirar aliviados: Graças a Deus, não sou filósofo. E se este suspiro profundo fosse justamente o propósito do Estado, e a Educação para a Filosofia em vez de nos conduzir a ela, servisse apenas para nos afastar dela. "Pode propriamente um filósofo, com boa consciência, comprometer-se a ter diariamente algo para ensinar? Ele não teria de dar aparência de saber mais do que realmente sabe? Nesse caso, o filósofo despoja-se de sua mais esplêndida liberdade, que é seguir seu gênio para onde este o chama" ."(Nietzsche, Considerações Extemporânea - Schopenhauer como Educador). Não se pode ensinar a pensar em horas determinadas, nos limites de uma sala de aula. Podemos objetar que: não somos filósofos, mas apenas professores e alunos de filosofia, e um professor não precisa ser necessariamente um pensador, pois ele seria antes de tudo um conhecedor erudito de alguns dos pensadores passados. Eis, quem sabe, a capitulação mais perigosa da Filosofia frente ao que é estabelecido e tido como normal - quando ela se compromete a fazer apenas o papel de erudição. (Marilena Chauí).

Um professor de filosofia deve sentir-se bastante constrangido quando ele se depara com aqueles momentos em que o silêncio é a forma mais originária de dizer. Quantas e quantas vezes não matamos o pensar e mascaramos as condições originárias de determinado pensamento, expondo-o como um corpo de idéias fixas e estabelecidas. O aluno acaba se perdendo na enganosa homogeneidade dos sistemas, sem compreender as reais motivações, adesões e recusas dos filósofos estudados. Quantos de nós já não caímos na tentação de reduzir a Filosofia às belas citações. Re-memorando o que disse a professora Marilena Chauí, quando se destrói a arte de ensinar e aprender, quando se abole o trabalho e o prazer do pensamento pelo aquisição de conhecimentos; quando se anula o ponto de emergência da inquietação filosófica, o professor e o estudante de filosofia
perdem o solo no qual a filosofia tem sentido: o enigma do visível e o mistério do invisível. Apoiados nas certezas curriculares, o ensino da Filosofia converte-se em pacificação das consciências, sonolência do desejo e purificação ascética do prazer. Morre o amor à sabedoria. (Marilena Chauí, 1991). Mas o que estaria por trás da queixa de certos alunos, que dizem: Não consigo compreender o que diz o professor de filosofia, nem muito menos compreender os textos dos filósofos. Que importância teria tais textos para nosso tempo, para nossa realidade? O fato é que a maioria de nossos alunos, e muitos de nós professores, não mantêm uma relação significativa com a linguagem. Não sabemos mais ouvir, ler, escrever e falar. Usamos as palavras como se realmente fossem cápsulas que comportam significados que devem remeter às coisas existentes (a um referente). E se estamos impedidos de manter uma relação essencial com a linguagem, também não conseguiremos pensar, e sem pensar perderemos inevitavelmente contato com o próprio real, que certamente não se reduz aos dados imediatos da experiência sensível. A instrumentalização da linguagem deve ser denunciada e revertida já durante o ensino fundamental e no 2o. Grau, para que não cheguem às nossas universidades essa massa de indivíduos que foram roubados em seu direito de pensar e dizer com significação sua própria realidade. Hoje, sugere-se oficialmente a Filosofia seja disciplina obrigatória no 2o Grau. Algumas universidades já incluem questões de Filosofia em seus vestibulares. Pelo nível das questões, exige-se do aluno apenas um conhecimento superficial de alguns aspectos gerais de algumas doutrinas filosóficas, consideradas mais fundamentais. É óbvio que para muitos professores de filosofia as perspectivas são de uma expansão do campo de trabalho para os cursinhos pré-vestibulares. Discute-se muito planos de ensino, conteúdos a serem administrados, e pouco se fala na qualificação desses professores de Filosofia e nos critérios que nortearão a seleção do conteúdo programático.

O que se costuma solicitar à Filosofia, é que ilumine o sentido teórico e prático daquilo que pensamos e fazemos, que nos leve a compreender a origem de idéias e valores que respeitamos ou que odiamos, que nos esclareça quanto a origem da obediência a certas imposições e quanto ao desejo de transgredi-las, enfim, que nos diga alguma coisa sobre nós mesmos, que nos ajude a compreender como, por que, para quem, por quem, contra quem ou contra que as idéias e os valores foram elaborados...(Chauí, Refazendo a Memória)

Como professores de Filosofia, seja no 2o. Grau ou nas universidades, nossa tarefa é ensinar o aluno a pensar e a falar com significação, numa palavra: Filosofar. Não podemos esquecer que um autêntico ato de ensinar não se esgota na mera transmissão de conhecimentos já adquiridos. Talvez o que de maior temos a ensinar aos nossos alunos seja o aprender. O grande mestre não ensina nada além do aprender, tornando dis-posto (aberto) o discípulo para novos conhecimentos.

É bem sabido que ensinar é ainda mais difícil que aprender. Mas raramente se pensa nisso. Por que ensinar é mais difícil que aprender? Não porque o mestre deva possuir um acervo de conhecimentos e os ter sempre a disposição. Ensinar é mais difícil que aprender, porque ensinar significa DEIXAR APRENDER. Aquele que verdadeiramente ensina não faz aprender nenhuma outra coisa que não seja o APRENDER...No relacionamento do mestre que ensina e dos alunos que aprendem, quando o relacionamento é verdadeiro, jamais entram em jogo a autoridade de quem sabe muito... Por causa disso é ainda uma grandeza ser mestre - que é bem outra coisa do que ser um professor célebre. Se hoje, onde tudo é medido sobre o que é baixo e conforme o que baixo - ninguém mais deseja ser mestre, isso é devido sem dúvida ao que esta grande coisa implica...(Martin Heidegger. Cf. FARIAS, V. 1989.)

O fato é que a inserção hoje da Filosofia como disciplina obrigatória no Ensino Médio constitui-se numa exigência do próprio processo educativo autêntico em seu combate a qualquer forma de alienação e opressão nas principais esferas de atuação humana – no trabalho, na política ou na criação simbólico-cultural. Essa busca da formação integral do indivíduo em suas relações de produção, de poder e criações simbólicas, não poderia dispensar ou prescindir do trabalho da reflexão filosófica, que poderá ser demonstrada, caso o professor convide os alunos para refazerem o percurso da indagação filosófica, apontando a forma própria [o estilo] que cada filósofo tem para colocar suas questões e elaborar suas respostas. É a forma peculiar que a Filosofia tem de abordar as questões sob o ponto de vista da radicalidade, do rigor, da critica e da totalidade, que de ser aprendida por todo aquele que quer ser um eterno aprendiz na Filosofia. Esse aprendizado significa uma transformação da experiência imediatamente vivida e contextualizada em experiência compreendida e interpretada/refletida, enfim, em experiência do pensamento que supera os limites da experiência imediata testemunhada por nossas consciências dogmáticas e ingênuas, alcançando um nível de reflexão que nos permite, além de compreender nosso contexto, encontrar a gênese de seu sentido e o fundamento do que pensamos, queremos, fazemos e falamos. O fato é que a Filosofia pode ajudar-nos a superar os preconceitos e o caráter fragmentário de nossas experiências imediatas, revelando-nos a densidade de sentido que elas ocultam. A Filosofia, portanto, tem um caráter desmistificador diante das ideologias, instituições e formas de pensar que teimam em passar uma visão fragmentada da realidade mediante um discurso dogmático, lacunar e homogêneo. Nesse sentido, a questão da contextualização dos conteúdos de filosofia torna-se problemática na medida em que a ela exige que ultrapassemos os contextos e os limites da experiência imediata, na busca de sua gênese e sentido. Isso exigiria uma desconstrução de nossas verdades, valores e hábitos cotidianos pelo exercício constante da crítica. O que impede, também, que a filosofia seja julgada por sua utilidade ou eficiência em oferecer respostas imediatas para problemas de ordem prática. Isso não significa que a filosofia se aliena num mundo de signos e conceitos abstratos e nada diz sobre nossa realidade mais imediata, o mundo da vida.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

BIG BROTHER BRASIL

BIG BROTHER BRASIL

Luiz Fernando Veríssimo)

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A  décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos "heróis", como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um "zoológico humano divertido" . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que  recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.

Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?

São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..

Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.

Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.

E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?

(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.

Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Alerta geral e nota de repúdio.


 

Prezado(a) Senhor(a)

Encaminhamos NOTA DE REPÚDIO aprovada no Seminário: A Rede de Prevenção e Cuidados aos Usuários de Álcool e Outras Drogas, realizado nos dias 01 e 02 de Dezembro de 2010, no Auditório Jaime Câmara da Câmara de Vereadores de Goiânia. O evento debateu o tema de forma ampla e democrática, reafirmando o atendimento aos usuários de álcool e outras drogas em liberdade por meio dos Centros de Atenção Psicossocial, Casas de Apoio Transitório, Consultório de Rua, Internação em Hospital Geral, quando necessária, ações intersetoriais (cultura, educação, assistência social, esporte, saúde e outros). E repudiou a criação do CREDEQ, exigindo investimentos de acordo com a política nacional de saúde mental.

Atenciosamente,

Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental do Estado de Goiás

Cineclube Antonio das Mortes

Fórum dos trabalhadores de saúde Mental de Goiânia

Fórum Goiano de Saúde Mental – e-mail: contato.fgsm@gmail.com

NOTA DE REPÚDIO

Os participantes do Seminário "A Rede de Prevenção e Atenção aos Usuários de Alcool e Outras Drogas", realizado nos dias 01 e 02 de Dezembro de 2010, no Auditório Jaime Câmara da Câmara de Vereadores de Goiânia, promovido pela Prefeitura de Goiânia por meio da Secretaria Municipal de Saúde representada pelos CAPSad Girassol e CASA, reafirmam os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, da Política Nacional de Saúde Mental - Lei 10216/2001 – e do Plano Nacional de Direitos Humanos e repudiam veementemente a criação do CREDEQ (Centro de Recuperação do Dependente Químico). Dentro de uma visão reducionista e autoritária, vem sendo apresentada ao Estado de Goiás, proposta de criação de um "Centro de Referência Especializado em Dependência Química - CREDEQ" para internação de usuários de álcool e outras drogas. Estes "hospitais especializados" apresentam características de aprisionamento, criminalização, cerceamento à liberdade e aos direitos civis, excluindo as pessoas do convívio familiar e comunitário. Mais de 450 pessoas, usuários do SUS, defensores dos direitos humanos e trabalhadores da saúde, educação, cultura, justiça, assistência social, entre outros, vindos de Goiânia, Trindade, Aparecida de Goiânia, Silvânia, Caldas Novas, Anápolis e Brasília participam da manifestação por entenderem que os documentos citados expressam a materialidade de uma luta histórica da sociedade no sentido de garantir à pessoa com transtorno mental e usuários de álcool e outras drogas o exercício de sua cidadania e o direito de ser tratada com humanidade e respeito, ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração, receber cuidados em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis e em liberdade. Em suma, o CREDEQ representa um retrocesso e retomada do modelo manicomial em Goiás. Assim, exigimos que o Estado faça investimentos orientados pelos princípios do modelo psicossocial conforme diretrizes do Ministério da Saúde.

Goiânia, 02 de Dezembro de 2010