Sobre assassinato de Bin Laden
Gostaria de compartilhar aqui algumas idéias que expos no twitter @wanderleyjfjr e que também discuti em sala de aula com meus alunos.
Primeiro, suponho que todos nós, professores, estamos cansados de ouvir, ler e repetir que essa sociedade da ordem, da organização e planificação, da busca frenética pela novidade tecnológica, pela eficiência e produtividade, no final acaba tornando-nos infelizes e bestializados. E certamente nossa mídia venal e estabelecimentos de ensino têm responsabilidade nesse processo de adestramento e “barbarização” do das pessoas.
Nesse sentido, não me causou estranheza a comemoração de muitos “colonizados” e americanos com o assassinato cometido pelos USA. As próprias chamadas da Globo em seus jornais denunciam uma certa espetacularização da ação. “Estados Unidos vive o problema de todos vitoriosos – o que fazer com cadáver do inimigo?”
O mesmo aconteceu na invasão do Morro do Alemão, lembram. Mais uma vez a mídia estúpida e venal vendeu a imagem de que se tratava da luta do Bem contra o Mal. Todos sabem o que fizeram muitos dos bandidos fardados que invadiram o morro travestidos de policiais.
Por outro lado, os USA não têm condições morais, embora tenha condições materiais-técnicas, de se vangloriar de matar um homem desarmado diante de sua filha. Além disso, os USA mataram e matam milhares de inocentes por todo mundno em nome dos intocáveis INTERESSES AMERICANOS.
Os USA propõem uma política contra terrorismo dúbia, tendenciosa e unilateral. Coloca-se como polícia do Mundo. Colocam-se como defensores da democracia e apóiam incondicionalmente as atrocidades que o “Estado terrorista” de Israel comete contra palestinos.
Assim, alheios e felizes, festejamos um assassinato, ignorantes de que o pior perigo talvez esteja, não nos ataques esporádicos dos grupos terroristas, mas no excesso de segurança, no conformismo de uma sociedade na qual o homem, muitas vezes, é reduzido a condição de ruído que deve ser banido para otimização do sistema. Talvez, meus caros, o maior perigo esteja justamente nesse ciclo perverso da produção –consumo, que impulsiona o chamado “progresso da humanidade” e a todos nivela na condição de mercadoria-consumidores.
Repito, como educar nossos alunos para também perceberem que, as vezes, esses indivíduos que se recusam a viver uma existência “normal”, administrada, “produtiva”, com segurança e bem estar, tem seu valor?
Causa-me horror e repulsa: tanto o bárbaro assassino [seja ele o Estado, a Religião, o Partido, a Instituição ou o indivíduo] quanto essa ovelha obediente chama “o bom cidadão” ordeiro, resignado e ADAPTADO as demandas do Deus onipotente chamado mercado.
Enfim, cedo aprendi com Nietzsche que nós, os educadores não podemos ser outra coisa senão os libertadores de nossos alunos. Eis aí o segredo de toda formação. Infelizmente estamos adestrando, e mal, para o mercado de trabalho.
Nas florestas existem aquelas trilhas que levam a lugar algum... algumas chegam a clareira, ou simplemente param... aí começa o pensar... Devemos sempre nos esforçar para compreender os pensadores melhor do que eles mesmos, vislumbrar o que permaneceu não dito e impensado... ir além do texto, do homem e da existencia singular, abrir novos caminhos e trilhas...que também erram no meio da plenitude do ser de cada coisa, envolvendo cada presença numa aurea de mistério.
QUEM SOU?
- Wanderley J. Ferreira Jr.
- Goiania, Brazil
- Um homem simplesmente aí, jogado no rio do devir a procura de si mesmo. Um campo de batalha... uma corda sobre o abismo, um ser no mundo corroido pela angustia da certerza da própria morte, mas que faz dessa consciencia da finitude um motivo para se responsabilizar mais por cada uma de suas escolhas.http://lattes.cnpq.br/9298867655795257
E quem libertará os professores?
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