Wanderley J. Ferreira Jr
Reconheço que é problemático reconhecer que em qualquer país com um
povo menos tutelado e alienado que o nosso, multidões estariam nas ruas nesse
momento fazendo vigília cívica até o governo cair.
Apesar de reconhecer causas
históricas, sociais, políticas e econômicas para a pasmaceira e alienação que
se abate sobre a maioria silenciosa, estou perdendo a paciência com nós mesmos.
Doeu profundamente ver gente pobre,
explorada, que anda como gado em ônibus e trens lotados, reclamar da greve com medo de perder um dia de
trabalho. Lamentável ver esse bando de zumbis, sonâmbulos, querendo trabalhar e reclamando daqueles que lutam pelos seus
direitos.
Os ratos em Brasília agradecem.
Isso mostra a eficiência da
ideologia, no caso burguesa – a empregada quer ser a patroa de amanhã, o peão quer ser o
fazendeiro. Acreditam que com trabalho
e algum mérito acabarão chegando lá...
Pode
ser doloroso e até injusto com o povo admitir, mas na maioria dos
processos de transformação social há sempre a turba, a massa ignara que
vem a reboque. Há sempre uma vanguarda, uma minoria qualificada que luta
na
linha de frente – isso acontece em movimentos da esquerda e direita. Que
me desculpe o velho Marx e companheiros anarquistas...
Mas
o fato é que o rebanho acordou
para ir trabalhar. Alheio à greve geral e às reformas que afetarão a
vida de
todos. Reformas que só interessam aos patrões, às corporações, aos
bancos, enfim, à
banca do sistema financeiro. Além de estigmatizar o funcionalismo como
sendo um bando de privilegiados sustentados pelos mais pobres.
Entretanto, a greve teve, acima
de tudo, um caráter pedagógico. Serviu de alerta aos ratos em Brasília.
Serve
de alento pensar que muitos que não foram às ruas e também não
apoiam esse governo ilegítimo e suas reformas. Espero.
Houve momentos históricos e
imagens lindas e inesquecíveis que gostaria de compartilhar aqui – SP, Rio e
Fortaleza.
Parabéns meus guerreiros...isso
renova minhas esperanças.
Só acho que termos que acampar nas ruas. Vigília cívica até governo
cair.
É preciso descer a toca dos ratos em Brasília.
Ontem fui ao centro de Goiânia,
quando cheguei a polícia já tinha dispersado multidão e mandado um de nossos
alunos (UFG) para o hospital. Diagnóstico: UTI - Estado grave com traumatismo craniano e múltiplas fraturas no rosto.
Fiz algumas imagens – Testemunhas
afirmaram que quem bateu no estudante e estava comandando a tropa era um
policial acusado na Op. Sacramento de liderar grupo de extermínio.
Enquanto isso em Brasília...
A questão que coloco aos colegas
é: até quando vamos fingir que nada acontece? Tem sentido continuar nosso
trabalho, dar aulas, escrever, pesquisar, organizar eventos, etc nesse contexto sem sentir um certo
mal estar diante de nossos alunos e de nós mesmos?
Mas ainda resta uma
esperança...essa rapaziada que não foge da raia...
A ânsia de destruir é também uma
ânsia de criar. Bakunin.
Vive l’anarchie
Um abraço a todxs e bom feriado.
Caro amigo filósofo, não vou insistir em te converter, mas quero que antes do dia final não esqueças que bastará chamar por Jesus e ele te guardará para o que haverá de melhor na eternidade, pois tu és eterno e destinado ao paraíso como prova teu amor pela justiça.Voce por tua fé é de Deus que esta fé seja em quem morreu para nos tornar sensíveis a dor e implacáveis com ladrões e mentirosos destinados ao Hades. Vivas a você, Wanderley, filósofo, brasileiro que nos honra ao falar como Sócrates, ainda que desagradando os poderosos.
ResponderExcluir